Esperança,
por Vitória Melo

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“Enquanto houver um louco, um poeta e um amante, haverá sonho, amor e fantasia.
Enquanto houver sonho, amor e fantasia, haverá esperança”
William Shakespeare

        Se observamos do ponto de vista racional teremos motivos para acreditar que em sua maior porção o mundo é mal. Que não importa o que façamos nada será suficiente para vencer preconceitos, desigualdade e violência.

Ao ligarmos a tv somos bombardeados de notícias duras e difíceis de digerir, mas pelo costume, nos sentamos à frente dela e comemos tranquilamente nosso jantar.

Levantamo-nos na manhã seguinte, antes mesmo do sol acordar. Pegamos o mesmo transporte, percorremos o mesmo caminho. Cegos de maneira robotizada repetimos o que precisa ser feito. Não damos bom dia ao motorista que nos leva, nem agradecemos ao receber o troco da passagem do cobrador. Curvados em função da tela, andando rápido e sempre com pressa, sempre atrasados, sempre estressados.

Chegamos no trabalho ligamos às máquinas, e o nosso modo automático. Criamos as mesmas planilhas, empilhamos os mesmos papéis. E já não agitados o suficiente tomamos doses de café ilimitado. Paramos todos no período da metade do dia. Comemos a mesma comida, sem sentir gosto algum e partimos para o segundo tempo.

É ao chegarmos que ligamos a TV novamente, colocamos o prato no colo e observamos calmamente as boas novas.

Mas, sê quisermos, podemos desligar a televisão apoiar o prato na mesa.

Se quisermos podemos dar bom dia a quem nos leva a onde precisamos todos os dias. Podemos guardar o celular e olhar pela janela. Podemos ainda ver o outro! Se quisermos podemos trocar o café por chá, podemos pensar! Podemos ainda mudar o modo de como trabalhar. Podemos calmamente almoçar. E na volta pra casa no mesmo caminho, podemos se quiser ser autores de algum texto. Texto como esse.

Enquanto houver alguém que opte por mudar, por fazer de outra forma, parafraseando Shakespeare. “Haverá sonho, amor e fantasia e então haverá esperança para nós”.

da mesma autora