Exercício sábio, por Luli Delgado

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Com isso de que recentemente o assunto da morte tem sobrevoado o ambiente, me veio à mente uma anedota do jornal onde eu trabalhava.
Aconteceu que um dos jornalistas mais brilhantes da redação sofreu um ataque cardíaco. O caso parecia grave e, como é de praxe, foi elaborada uma página que repassava sua vida e obra. Mas essa vez não foi a dele, que foi se recuperando aos poucos, e um dia voltou a trabalhar.

Com o tempo, ele encontrou numa gaveta a tal da página que havia sido escrita para ser publicada após sua morte. Sem mais, como bom profissional que era, com uma caneta vermelha começou a corrigi-la.

Não sei qual foi o final da história, nem sequer se quando ele finalmente morreu, já morreu?, publicaram a página que ele mesmo corrigiu. Mas de qualquer forma, essa anedota me ajuda a tentar imaginar o que cada um de nós mudaria na nossa página no caso de algo semelhante acontecer conosco.

Talvez quem a escrevesse não diria sobre nós o que esperariamos, quem sabe nos interpretassem de maneira diferente, ou enfatizassem outros ángulos. Vai saber!

Mas, trabalhando na ideia, penso que é como quando falam de nós pelas costas, com a diferença que você nem sabe, e por fim você nem se importa, porque você já morreu.

AHA! aqui vem a parte chave: finalmente, você nem se importa.

Na minha infância dizia-se de alguém que quando levantava e abaixava os ombros várias vezes, estava exercitando o músculo do “não tô nem aí”.

Exercício sábio!

de la misma autora