Gente que Cuenta

Citas a cegas,
por Alfredo Behrens

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Ilya Volykhine,
Otra cita a ciegas, 2023

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      Pedro e Marcos eram bons amigos que passavam por uma crise amorosa, em uma cidade não muito grande. Eles sentiram que haviam esgotado as possibilidades convencionais de conhecer alguém. Chacoteando, combinaram que recorreriam a um aplicativo de namoro para ver se conseguiam mudar o rumo de suas vidas.

Cada um fez a sua coisa, e trocando figurinhas ficaram surpresos ao perceber que haviam combinado encontros às cegas no mesmo bar com duas mulheres diferentes, só que Marcos meia hora depois. Nem falaram nos nomes des mulheres, sabendo que elas nunca dão seu verdadeiro nome ao marcar o primeiro encontro.

Pedro entrou no movimentado bar com certo receio procurando sua parceira, Emília, sabendo que provavelmente esse não seria o nome dela, mas ficou feliz ao ver uma loira deslumbrante acenando para ele, aproximou-se, presumindo que fosse ela.

A mulher que ele cumprimentou disse que seu nome era Sara, uma artista, que também aguardava seu encontro às cegas. A conversa fluiu sem esforço, compartilhando histórias e risadas durante o café. Eles descobriram interesses comuns e um amor mútuo pelos filmes estilo film noir dos anos 1980, criando uma conexão inesperada.

O tempo passou num piscar de olhos, os dois absorvidos na companhia um do outro. Ao se despedirem, Pedro chegou a pensar que talvez não tivesse conhecido a mulher com quem havia marcado o encontro, mas isso não importava mais. O destino interveio e ele não conseguia se livrar da sensação de ter conhecido uma pessoa extraordinária.

Foi assim que Sara ocupou, no imaginário do Pedro, o espaço que inicialmente de Emília, de quem ele teria esquecido completamente se não fosse porque dias mais tarde, ao se encontrar com seu amigo Marcos, soube que este não havia conhecido a Sara com a qual ele havia marcado no mesmo bar.

Em vez de Sara, Marcos tomou alguns drinks com outra que o cumprimentou, que disse se chamar Emília. Conversaram alguma coisa, sem realmente clicar, até que ela anunciou que iria ao banheiro, de onde nunca mais voltou. Marcos continuou por umas boas horas bebendo sozinho no bar.

“E para ti, como correu? Perguntou Marcos ao Pedro, “te vi saindo do bar com uma loira dos céus!”

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Alfredo Behrens é doutor pela Universidade de Cambridge, leciona estratégia e assuntos interculturais para a escola de negócios FIA em São Paulo y para Harvard Business Education.
Alguns de seus livros podem ser adquiridos na Amazon.
ab@alfredobehrens.com

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