News That Matters

Alfredo Behrens

Helena de Troia,<br/>por Alfredo Behrens
161c, Alfredo Behrens

Helena de Troia,
por Alfredo Behrens

 leer en españolread it in English      Eu tinha certeza de que era ela que eu havia visto com Pólux, naquela calçada de Porto.Voltei-me e a encontrei. Helena. O rosto que lançou mil navios. Aproximei-me."Tem fogo?" perguntei.Ela sorriu. Alcançou sua bolsa. Tirou um isqueiro."Claro," ela disse.Ela se inclinou para perto. Senti seu perfume. O isqueiro faiscou. Vi coisas.Troia em chamas. Gritos no ar. Homens morrendo. Bronze contra bronze. Sangue no chão.Helena fugindo. Páris com ela. Aquiles caindo. Uma flecha em seu calcanhar.As visões terminaram. Olhei em seus olhos. Profundos. Antigos, e sabendo do Pátroclo em mim.Dei uma tragada. "Obrigado," eu disse."De nada," ela respondeu.Ela se afastou. Eu a observei partir. A fumaça tinha gosto amargo.Entendi então. Por que lutaram por ela. Por que...
Helena de Troya,<br/> por Alfredo Behrens
Alfredo Behrens

Helena de Troya,
por Alfredo Behrens

ler em portuguêsread it in English      Estaba seguro de que era ella a quien había visto con Pólux en la acera de Oporto.Me di la vuelta y la encontré. Helena. El rostro que lanzó mil barcos. Me acerqué."¿Tienes fuego?", pregunté.Sonrió. Metió la mano en el bolso. Sacó un mechero."Por supuesto", dijo.Se inclinó hacia mí. Podía oler su perfume. El mechero echó chispas. Vi cosas.Troya en llamas. Gritos en el aire. Hombres muriendo. Bronce contra bronce. Sangre en el suelo.Helena huyendo. Paris con ella. Aquiles cayendo. Una flecha en su talón.Las visiones terminaron. La miré en sus ojos. Profundos. Antiguos, y reconociendo al Patroclo que había en mí.Di una calada. "Gracias", dije."De nada", respondió.Se alejó. La miré marcharse. El humo sabía amargo.Entonces lo entendí. ¿Por qué lucharon p...
Helen of Troy,<br/> by Alfredo Behrens
Alfredo Behrens

Helen of Troy,
by Alfredo Behrens

ler em portuguêsleer en español      I was sure that it was her I had seen with Pollux on the pavement in Porto.I turned around and found her. Helen. The face that launched a thousand ships. I approached."Do you have a fire?" I asked.She smiled. She reached into her handbag. She took out a lighter."Of course," she said.She leaned in close. I could smell her perfume. The lighter sparked. I saw things.Troy on fire. Screams in the air. Men dying. Bronze against bronze. Blood on the ground.Helen fleeing. Paris with her. Achilles falling. An arrow in his heel.The visions ended. I looked into her eyes. Deep. Ancient, and knowing the Patroclus in me.I took a drag. "Thank you," I said."You're welcome," she replied.She walked away. I watched her go. The smoke tasted bitter.I understood then. Why th...
A divindade empoeirada, por Alfredo Behrens
160a, Alfredo Behrens

A divindade empoeirada, por Alfredo Behrens

leer en español read it in English        Caminhando pelas ruas ensolaradas do Porto, avistei um homem sombrio, curvado e coberto de pó pálido de pedras quebradas. À primeira vista, parecia um simples trabalhador desgastado, quase se confundindo com o cenário como uma escultura viva. Ao passar por ele, algo me fez parar. Seus olhos tinham uma profundidade incompatível com seu exterior rústico, como um cisne disfarçado de pássaro comum. A sensação persistiu, e comecei a imaginar: e se este homem fosse mais do que aparentava? E se fosse Zeus, o rei dos deuses, em uma de suas famosas escapadas terrenas? A ideia se formou em minha mente: talvez ele estivesse a caminho de seduzir a bela Leda, escolhendo esta forma humilde para passar despercebido. Por mais fantasioso que fosse, não co...
La divinidad empolvada, por Alfredo Behrens
Alfredo Behrens

La divinidad empolvada, por Alfredo Behrens

ler em portuguêsread it in English      Caminando por las soleadas calles de Oporto, vi a un hombre sombrío, encorvado y cubierto por el polvo pálido de las piedras rotas. A primera vista, parecía un simple trabajador agotado, casi mezclándose con el paisaje como una escultura viviente.Al pasar junto a él, algo hizo detenerme. Sus ojos tenían una profundidad incompatible con su exterior rústico, como un cisne disfrazado de pájaro corriente. El sentimiento persistió y comencé a preguntarme: ¿y si este hombre fuera más de lo que parecía? ¿Y si fuera Zeus, el rey de los dioses, en una de sus famosas escapadas terrenales?En mi mente se formó la idea: tal vez iba camino de seducir a la bella Leda, eligiendo esta humilde manera de pasar desapercibido. Por muy fantasioso que fuera, no podía desha...
The Dust-Covered Divinity,<br/> by Alfredo Behrens
Alfredo Behrens

The Dust-Covered Divinity,
by Alfredo Behrens

ler em portuguêsleer en español         As I walked through the sun-drenched streets of Porto, I spotted a somber man, hunched over and covered in pale dust from broken stones. At first glance, he seemed a simple, worn-out worker, almost blending into the scenery like a living sculpture.As I passed him, something made me pause. His eyes held a depth incompatible with his rough exterior, like a swan disguised as a common bird. The feeling lingered, and I began to wonder: what if this man was more than he appeared? What if he were Zeus, king of the gods, on one of his famous earthly escapades?The idea took shape in my mind: perhaps he was on his way to seduce the beautiful Leda, choosing this humble form to go unnoticed. As fanciful as it was, I couldn't shake this thought. Every few steps, ...
Minhas primeiras letras,<br/> por Alfredo Behrens
158c, Alfredo Behrens

Minhas primeiras letras,
por Alfredo Behrens

leer en español      Desde cedo, somos ensinados sobre a importância da leitura. Visitamos bibliotecas cheias de livros empilhados que, às vezes, mal conseguimos tirar das prateleiras. Somos ensinados a apreciar histórias criadas por outras pessoas, mas raramente somos incentivados a criar nossas próprias histórias, a colocar nossos pensamentos, experiências e sonhos em palavras.Entretanto, há algo inato nos seres humanos: uma centelha criativa que arde mais forte em alguns. Talvez seja a necessidade de se expressar, de deixar uma marca, de compartilhar uma perspetiva única sobre o mundo. Ou talvez seja uma história secreta, um universo imaginário que ganha vida na mente da criança e anseia por ser liberado por meio da escrita.Essa força motriz geralmente não nasce de uma ordem externa, ma...
Mis primeras letras,<br/> por Alfredo Behrens
Alfredo Behrens

Mis primeras letras,
por Alfredo Behrens

ler em português      Desde pequeños, nos inculcan la importancia de la lectura. Visitamos bibliotecas repletas de libros apilados que, a veces, apenas alcanzamos a tomar de los estantes. Nos enseñan a disfrutar las historias creadas por otros, pero rara vez se nos anima a crear las nuestras propias, a plasmar en palabras nuestros pensamientos, vivencias y sueños.No obstante, existe algo innato en el ser humano: una chispa creativa que en algunos arde con más fuerza. Tal vez sea una necesidad de expresión, de dejar huella, de compartir una perspectiva única del mundo. O quizás una historia secreta, un universo imaginario que cobra vida en la mente infantil y anhela liberarse a través de la escritura.Esta fuerza impulsora normalmente no nace de un mandato externo, sino de un lugar profundo ...
Cidade Nova,<br/> por Alfredo Behrens
157b, Alfredo Behrens

Cidade Nova,
por Alfredo Behrens

leer en españolA placa acima da porta dizia "Cidade Nova" - No interior, a tasca pouco iluminada era um humilde refúgio para três amigos idosos - António, Manuel e Joaquim. Todas as tardes, como um relógio algo atrasado, eles entravam arrastando os pés, as juntas rangendo a cada passo, e sentavam-se em seus bancos habituais no bar de madeira desgastada.“Do mesmo, se faz favor”, dizia António ao Joel, que sabia trazer três copos pequenos do jovem vinho verde ligeiramente efervescente. Os três homens brindavam os copos numa saudação ritual antes de tomarem os primeiros goles, enquanto Carla, com a sua graça brasileira, trazia alguns petiscos.À medida que o vinho verde crocante e algo ácido aquecia as barrigas, as histórias começavam a fluir como a corrente suave do rio Douro. Manuel contava ...
Cidade nova,<br/> por Alfredo Behrens
Alfredo Behrens

Cidade nova,
por Alfredo Behrens

ler em português       El rótulo sobre la puerta rezaba "Cidade nova". Dentro, la tasca en penumbra era un humilde refugio para tres amigos ancianos: António, Manuel y Joaquim. Todas las tardes, como un reloj destartalado, entraban arrastrando los pies, con las articulaciones crujiendo a cada paso, y se sentaban en los taburetes habituales de la gastada barra de madera. "Lo mismo, por favor", le dijo Antonio a Carla, que sabía traer tres vasitos del joven y ligeramente efervescente vino verde. Los tres hombres brindaron los vasos en un saludo ritual antes de dar los primeros sorbos. Mientras el fresco y ácido vino verde calentaba sus estómagos, las historias empezaron a fluir como la suave corriente del río Duero. Manuel contaba historias fantásticas de sus días de gloria como pes...
Fim de festa,<br/> por Alfredo Behrens
155b, Alfredo Behrens

Fim de festa,
por Alfredo Behrens

ler em espanhol       Há alguns anos, eu tinha um amigo que estava morrendo. Todos nós vamos morrer. Mas ele estava morrendo mais rápido. Eu o visitava com frequência. Mas sempre o via sozinho. Fumando demais. Como se quisesse apressar sua morte. Embora sozinho, ele tinha sido um homem, extremamente viril, interessante, animado. Cheio de amigos. Amante da vida e das mulheres. Embora, naquele momento, ele estivesse morrendo sozinho. Minha amizade com esse homem moribundo foi o resultado de um caso de amor furtivo que tive com uma mulher. Como era furtivo, eu não conhecia os amigos do meu amigo, nem os dela. Eu só tinha passado algum tempo com ele em algumas escapadas que minha amiga casada fazia com outras amigas casadas que precisavam de algum tipo de subterfúgio, como “vou sair com ...
Fin de fiesta,<br/> por Alfredo Behrens
Alfredo Behrens

Fin de fiesta,
por Alfredo Behrens

ler em português       Hace unos años yo tenía un amigo que se estaba muriendo. Todos nos vamos a morir. Pero él se iba a morir más rápidamente. Yo lo visitaba con frecuencia. Pero siempre lo veía solo. Fumando demasiado. Como si quisiese acelerar la muerte. Siempre solo, sin embargo, había sido un hombre, extremamente viril, interesante, vivaz. Lleno de amigos. Amante de la vida, y de las mujeres. Aunque por esa época, moría solo. Mi amistad con este moribundo resultaba de una relación amorosa furtiva que yo había tenido con una mujer. Por ser furtiva yo no conocía a los amigos de mi amigo. Solo había convivido con él en algunas escapadas que mi amiga casada montaba con otras amigas casadas que necesitaban de algún subterfugio, del tipo voy a salir con fulana,… Como él había sido...