Cementerio de montaña, 1919
Tive um amigo brasileiro que trabalhava como engenheiro de construção civil. Ele era um homem muito afável, muito humano e um excelente líder. Ele me disse que, embora desse tempo às pessoas para lhe dizerem se precisavam de mais alguma coisa antes de deixar o emprego, alguém sempre aparecia e dizia: “Ah, chefe, por favor!” e ele sabia que teria que baixar a janela do carro e eventualmente tomar uma decisão num momento inoportuno.
Lembrei-me hoje desta história ao ler o caso de um galego que foi ao funeral de um padre católico pedir um teste de DNA, porque sabia que era seu pai. Sua mãe acabara de lhe contar, mas ninguém mais na cidade o reconheceu como tal, apesar da zombaria dissimulada que o acompanhou durante décadas.
Bom, talvez não fosse o momento, mas foi o momento que este bom galego teve de tomar coragem e ir ao funeral pedir um teste de ADN. Pelo menos aos irmãos do falecido, que estavam presentes. De qualquer forma, a família do falecido, que tinha algum interesse financeiro na decisão, fez questão de se desfazer do corpo o mais rápido possível e o cremou. Com o qual o teste de saliva, ou outros, ficava fora de consideração. Então o homem decidiu mesmo assim ir á justiça para fazer valer os seus direitos. O juiz decidiu a seu favor.
Então agora ele teria um pai duas vezes, o padre morto e o pai que o gerara.
A pergunta que temos que nos fazer, ou então as perguntas, é por que deixamos as coisas para a última hora? Principalmente coisas que são importantes para nós, e que provavelmente remexem em nossas entranhas há anos, mas só tomamos coragem quando quase não há oportunidade de fazer mais nada.
Mas suponho que esse seja o momento que Deus nos dá para nos fazermos essas perguntas e fazermos algo que deveríamos ter feito talvez há décadas. De qualquer forma, deixo com vocês a reflexão.
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