Nas mesas ao lado da rua de um bar tranquilo no mercado de peixes do Porto, acompanhada de seu gato, uma mulher de cabelos prateados saboreava seu café enquanto fumava um cigarro sob os raios do sol de inverno. Estávamos sentados em meses adjacentes, eu estava fumando um charuto, e a fumaça nos envolveu.
Durante a conversa, ela revelou sua solidão durante a época do Natal. Seu marido estava trabalhando em Angola e seu filho mais velho também. Ela havia passado cerca de nove meses em Angola, mas não suportava não conseguir dormir. Ela nem sabe por quê. Sua filha trabalhava em um hotel no Rio de Janeiro, mas ela pouco sabia sobre ela.
O calor da conversa nos levou a compartilhar histórias. Ao me despedir, ela mencionou seu gosto pelo aroma do meu tabaco e confessou seu fascínio pelo cheiro, que a fazia lembrar do que seu pai fumava quando ela era jovem. Com nostalgia em seus olhos, ela me pediu um charuto como lembrança.
Comovido com sua história, deixei-a com um dos meus. Seus olhos brilharam, não tanto em gratidão ao meu gesto, mas pela oportunidade de reviver o prazer que sentia quando era jovem com seu pai.
Quando parti, deixei a mulher e seu gato envoltos na luz do sol de inverno, esperando que esse gesto lhe trouxesse um momento de conforto em sua solidão de Natal.
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