Gente que Cuenta

Uma frágil esperança,
por Alfredo Behrens

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        Uma resenha do livro We Shall Pass, de Clifford Thurlow

Em seu comovente romance We Shall Pass, publicado pela Luath Press, Clifford Thurlow entrega uma narrativa magistral que ecoa a profundidade emocional de Por Quem os Sinos Dobram, de Hemingway, enquanto traça seu próprio caminho pelo turbulento cenário da Guerra Civil Espanhola.

No centro da história está um romance que transcende barreiras de classe. Robert “Robbie” Gillan, um escocês da classe trabalhadora, e Alice Sheridan, filha de um oficial da inteligência britânica, constroem um vínculo improvável em meio ao caos da guerra. O relacionamento dos dois se desenvolve com uma ternura que lembra as reflexões de Orwell sobre a conexão humana em tempos de conflito.

A prosa de Thurlow brilha nos momentos de intensidade silenciosa: “Eles não sabiam nada um sobre o outro e sabiam tudo um sobre o outro.” Essa frase simples capta a essência do amor em tempos de guerra — imediato, profundo e transcendendo convenções sociais.

O romance não evita a brutalidade da guerra. A vívida descrição da Colina do Suicídio e da Batalha de Jarama ressoa com a dura realidade descrita na poesia de guerra de Wilfred Owen. Como reflete um dos personagens: “Lábios vermelhos não são tão vermelhos quanto as pedras manchadas beijadas pelos mortos ingleses.”

O que eleva a obra de Thurlow é sua capacidade de iluminar o pessoal em meio ao político. Quando Robbie testemunha as consequências de uma atrocidade fascista, sua reação é visceral: “Qual é o problema desse povo fockin?” Esse momento cru encarna a pergunta central do romance sobre a capacidade humana tanto para a crueldade quanto para a compaixão.

We Shall Pass é uma contribuição significativa para a ficção histórica, lembrando-nos de que, além das grandes narrativas da guerra, existem incontáveis histórias pessoais de coragem, amor e sacrifício. Thurlow criou um romance que homenageia os voluntários que lutaram pela democracia na Espanha e entrega uma história atemporal de amor contra todas as probabilidades.

O romance se encerra com uma nota silenciosa e ressonante, à medida que as jornadas dos personagens convergem em um momento que fala tanto de perda quanto de resistência. Vínculos outrora rompidos são cautelosamente reconstruídos, e atos ocultos de lealdade revelam seu peso duradouro em gestos discretos, porém profundos. Embora envolvido pela perda — pessoal e política —, o desfecho pulsa com o teimoso idealismo que se recusa a desaparecer. No silêncio de um lugar familiar, a reconciliação se torna possível e, em meio à dor do que foi perdido, surge uma revelação — sutil, revigorante — oferecendo uma promessa frágil, mas duradoura, de renovação.

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Alfredo Behrens Atril press
Alfredo Behrens alcançou o grau de Ph.D. pela Universidade de Cambridge. Ele ensinou Liderança nas melhores escolas de gestão e foi publicado ou premiado por Harvard, Princeton e Stanford. Alfredo tem quatro filhas e, com a sua mulher Luli Delgado, mora no Porto, Portugal, desde 2018. Alguns dos seus livros podem ser adquiridos através da Amazon.
alfredobehrens@gmail.com

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