Do Instagram essa semana tirei um vídeo de uma conversa entre uma calopsita e um cachorro.
Antes de continuar a leitura, peço que assista.
Já? É claro que a fala do pássaro não foi improvisada. Quando começou a falar com o cachorro, já vinha ruminando o assunto há algum tempo e, como costuma acontecer, quanto mais voltas, mais nervosa ficava.
Então ela chega e ataca o cachorro e o domina com sua angústia, e o cachorro a princípio o ouve, mas depois fica entediado.
A calopsita tenta envolvê-lo: “você não cabe dentro de um gato”, mas sem muito resultado. Por fim, o cachorro vira as costas para ela e a deixa sozinha com sua tragédia.
Eu ainda estou rindo, mas talvez seja porque a música soa familiar.
Vamos ver. A quantidade de monstros que cabem em nossas cabeças é ilimitada, e quando um deles entra dentro de nós, principalmente à noite, pode atingir dimensões enormes! E é aí que começamos a alimentá-lo com nosso medo e angústia. Ele cresce e cresce até que corremos para contá-lo geralmente para alguém que não participou do processo, nem tem muito a ver com isso.
As chances de sermos ignorados ou desqualificados são altíssimas, fazendo com que nos sintamos ainda mais sozinhos e com a sensação de que o outro, longe de abafa-lo, acabou de dar uma colherada de vitaminas ao nosso monstro.
Já perdi a conta às vezes que fiz o papel da calopsita, e não sem alguma vergonha o papel do cão, sem compreender finalmente de uma vez por todas que basta uma agulha para rebentar a bolha. Nem mais nem menos. A simples menção de que, segundo quem entende, mais de 90% do que nos preocupa não se concretiza, bastaria para lhe dar uma boa deflação. Além disso, está comprovado que os gatos não comem calopsitas de penas cinzas. Então é melhor ficarmos tranquilos…