Gente que Cuenta

O rumo do jegue,
de Luli Delgado

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Um rumo leva o jegue e outro quem o monta…

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     Hoje acordei em modo de limpeza, ou pelo menos foi assim que organizei mentalmente o meu dia. Só que, ao ligar o telefone, recebi um alerta de que minhas senhas haviam vazado, com a recomendação era que as alterasse imediatamente.

A lista era de vinte e seis sites que eu precisava visitar, encontrar meu perfil, alterar minhas senhas. Resumindo, um atalho para o mal humor. Para cada senha, um Sísifo. Primeiro encontrar o meu perfil, digitar a senha atual e alterá-la. Detalhe: as tais das atuais nunca são as que eu havia guardado. Então, tem que avisar que você esqueceu para que te enviem um jeito de inventar uma outra. Aqui, de dois uma: ou te enviam uma senha sem a menor possibilidade de você memorizá-la, por exemplo &hXe5rP2&, ou você recebe um número de acesso temporário, que se você não correr para digitá-lo, é apagado e tem que pedir outro. Todo um acontecimento, teria dito Lulucita.

Para o site do WordPress, que é onde monto a página que vocês leem todos os domingos, pedi misericórdia à Angélica, a nossa webmaster, porque eu sozinha corria o sério risco de bloqueá-lo e depois pedir ajuda ao Espírito Santo, que acho que seria o caso, porque sempre me atende solícito, mas sendo a Páscoa, até ele podia estar transbordado.

O que quero dizer é que, em vez de trabalhar com o humilde espanador, o paninho e o aspirador de pó, tive que lidar com teclas e telas, mais palavras-chave e números que tive que começar a anotar no meu caderno, porque minha cabeça não é capaz de tanto. Foi demais.

O mais assustador em situações como esta é que quando lhe dizem que suas senhas foram infiltradas, você não entende completamente como isso aconteceu, ou quem está te avisando, ou quão alto é o perigo, muito menos quão rápido você tem que correr. 

Essas coisas me assustam, porque me lembra aquele programa que dizia numa voz de além-túmulo “No universo não estamos sozinhos”, e me dava a impressão de que um marciano iria entrar furtivamente em minha casa a qualquer momento. Digo um marciano, porque na época em que essa frase me assustava, não íamos além dos habitantes de Marte, éramos tão ignorantes.

Enfim. Só me lembrei daquele ditado que diz que “um rumo leva o jegue e outro quem o monta”. Eu ia limpar minha casa e sem mais delongas, tive que entrar nesse labirinto de informática que tanto odeio.
Vamos ver se alguém finalmente consegue me explicar qual o rumo de quem está a nos pastorear no cybermundo…

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Luli Delgado es periodista venezolana, Master en Artes de Cine y  Video – por The American University, Washington, DC.
Fue Directora Ejecutiva de la Fundación Andrés Mata de El Universal de Caracas, y Gerente del Centro de Documentación de TV Cultura de São Paulo. Es autora de varios libros y crónicas.
delgado.luli@gmail.com

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