Gente que Cuenta

Histórias de Brooklyn, por Alfredo Behrens

Grim Natwick Betty Boop Atril press
Betty Boop, personale animado creado por Grim Natwick en 1926

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   Era um esplendoroso día de inverno. Augusto decidiu tomar um café no Guevara’s do Brooklyn. Apesar do frio, o dia estava muito claro, e o sol banhava a esplanada. Por isso ele decidiu sentar do lado de fora. Logo depois apareceu essa mulher fabulosa que era a imagem viva da Betty Boop! Ela parecia não se importar com que estava sendo observada por todos os homens no pátio. Apenas sentou sozinha na esplanada para tomar seu café com leite de amêndoas, de costas para todos os olhos dos homens, que embora políticamente corretos, ainda não desprezavam a beleza feminina. A seguir estacionou na contramão um Tesla cor vinho que no capô tinha um grafite psicodélico alaranjado que dizia Jolly Roger! E não foi que desse Tesla saiu um sujeito com ares de distinto preguiçoso que parecia uma cruza entre Capitão Gancho e o Gato com Botas! De fato ele gastava bigodes que alisava com a sua mão esquerda. Calçava botinhas pretas e calças cor vinho, muito justas, fazendo jogo com sua camiseta também justa, e um chapéu colorido que termianava numa pena. Com o ar atrevido dos almofadinhas, nem aguardou ser convidado, sentou na mesa da Betty Boop e puxou conversa, gastando seu Queen’s English, que por alguma razão as americanas adoram. Assim que a Betty acabou seu Latte, todos na esplanada a viram partir em direção ao Tesla desse homem estranho. Os presentes teriam atirado nele quanto crocodilo havia na terra. Mas antes disso o Tesla abriu que nem uma caixa de Pandora, e enquanto ela se sentava no banco do passageiro, todos, incluindo ela, vislumbraram um gancho que o salafrário tinha no lugar da sua mão direita. Então era tarde demais, o Jolly Roger já se fechava! Todos, inclusive a Betty, nesse momento souberam que o falastrão a carregaria para a Terra do Nunca! Antes do carro partir os homens na esplanada gritavam em coro: Too Latte, Betty! Too Latte! Enquanto entrava no seu Jolly Roger, o sem vergonha respondia Floreat Etona, vegans! Os gritos ao uníssono acordaram o Augusto quem não sabía mais em que terra estava, mas que agora tinha certeza de que a Betty Boop existía e morava com ele.

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Alfredo Behrens  é doutor pela Universidade de Cambridge, leciona Liderança para as escolas de negócios da FIA em São Paulo.
Alguns de seus livros podem ser adquiridos na Amazon.
ab@alfredobehrens.com

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