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Num entardecer ensolarado eu estava sentado na esplanada no meu café favorito próximo de casa. Aproveitava a sombra de umas árvores e o aroma do café expresso enquanto fumava um charuto e lia um livro da Irene Vallejo. De repente, um mendigo da rua se aproximou de mim, educadamente pedindo um charuto. Tão humildemente ele pediu que por um momento não entendi o que ele pedia, mas um gesto dele me fez entender que também ele queria fumar. Afortunadamente eu tinha vários charutos e lhe ofereci um.
A faz do mendigo iluminou-se de um misto de alegria e gratidão ao receber o charuto. Perceber a felicidade em seu rosto me fez sentir bem, e também ofereci acender o charuto dele com meu isqueiro e ele gentilmente aceitou com um sorriso, inclinando a cabeça.
Suas mãos toscas protegiam do vento a chama do meu isqueiro, e por um instante tocaram a minha. Assim que acendi a charuto, ele se virou para mim e me agradeceu, sua voz cheia de sinceridade. Ele me disse que não havia fumado um charuto há anos e que este era um grande presente para ele. O convidei a sentar comigo à mesa. Nós sentamos em silêncio aproveitando o momento e a fumaça agradável que enchia o ar ao nosso redor.
Enquanto eu me levantava para partir, o senhor se levantou também e me agradeceu novamente. Eu pude ver a apreciação em seus olhos, e isso tocou meu coração. Foi a fumaça que o atraiu e a gentileza na comunhão deixou o nosso entardecer mais iluminado, sem mais que um fugaz contato das mãos e sermos envolvidos pela fumaça dos nossos charutos.