Gente que Cuenta

Meus fetiches, por Alfredo Behrens

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Christoph Scheiner y un compañero científico jesuita rastrean las manchas solares en Italia alrededor de 1625.
Fuente Houghton Library, Harvard University

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  A pessoa nasce com o direito de ter fetiches. Os meus são as manchas solares. Não o Sol dos assírios, babilônios e egípcios com seus Osíris. Os meus fetiches são as manchas, os pecados do Sol. Os chineses já as mencionaram, os armênios também. Mas foi apenas com o telescópio que, desde o século XVII, as manchas puderam ser vistas em detalhes, descaradamente, de forma voyeurística. Como todas as coisas pecaminosas, as manchas eram raras. Eles não deveriam estar lá. No entanto, elas estavam, cresciam e depois desapareciam. Com o tempo foi-se apreendendo que há períodos com muitas manchas e outros sem nenhuma. E que como as estações por aqui, esses períodos se repetiam, a cada 11 anos. Foi aí que um russo veio nos dizer que todas as revoluções, guerras e muito mais, ocorreram nos períodos com mais manchas solares. Ou seja, os astrólogos tinham alguma razão, agora basta medir as manchas para saber quando os tolos vão se jogar no mar, ou invadir um país vizinho. E pensar que tudo isso começou com um luterano. Os católicos tinham o crucifixo como amuleto, não precisavam olhar para o Sol. Foi um pastor luterano que, com seu filho, começou a medir o número de manchas e anotá-lo em um caderno. Mas acontece que durante um sermão o pastor acusou um vizinho de roubar um ganso e o sujeito o matou com uma pá. Mas talvez não tenha roubado um ganso, mas sim que o afogou, mas a questão é que ele o matou o pastor. Teríamos que ver quantas manchas solares havia naquele dia, para saber quando calar.

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Alfredo Behrens  é doutor pela Universidade de Cambridge, leciona Liderança para as escolas de negócios da FIA em São Paulo.
Alguns de seus livros podem ser adquiridos na Amazon.
ab@alfredobehrens.com

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