Gente que Cuenta

O capítulo que nos tocou,
por Luli Delgado

Alfredo Behrens Atril press
“As cartas foram o alicerce. O resto foi o produto de muita pesquisa, Reconstrução de cenários, criação de diálogos e personagens, alguns fictícios e outros baseados no material epistolar, e aos poucos foi tecendo uma trama, ou melhor o seu primer romance…”

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Em meados do séc. XIX, um certo Mr. Swann partiu para o Amazonas com a intenção de refazer as teorias de Darwin e assim ganhar a fama que precisava para merecer sua namorada, mas acabou em uma masmorra, em um afluente do Tocantins, no Brasil, acusado de ser um espião, sem navio e sem fama.

Não teve sucesso e não alcançou fama, mas em vez disso acumulou uma fortuna, que foi a outra maneira de conquistar sua namorada e finalmente se casou com ela.

Ao retornar à Inglaterra, Mr. Swann passou anos pedindo ao governo britânico que intercedesse junto ao seu homólogo brasileiro para que o navio lhe fosse devolvido.

Alfredo encontrou essa correspondência no arquivo de uma biblioteca na Inglaterra, a história chamou sua atenção, fez um conjunto de cópias que depois viajou pelo Brasil, Estados Unidos, Panamá, Estados Unidos novamente, e também pelo Brasil novamente, dormindo numa caixa, esperando sua vez há mais ou menos quarenta anos.

Após a nossa mudança para Portugal e durante a revisão de documentos antigos, finalmente chegou a sua hora. Aí examinou cuidadosamente o pacote de cartas e começou a montar sua história.

As cartas foram o alicerce. O resto foi o produto de muita pesquisa, Reconstrução de cenários, criação de diálogos e personagens, alguns fictícios e outros baseados no material epistolar, e aos poucos foi tecendo uma trama, ou melhor o seu primer romance, o qual conheceu a luz do dia em idioma inglês. Mas não ficou parado e decidiu fazer a sua versão em português, o que reiniciou a sua aventura com a revisão do texto com a tradutora, a procura de uma editora, o design da capa, e mil outros detalhes, para esta tarde apresentá-lo na Associação dos Jornalistas e Escritores do Porto. Foi trabalho de formiguinha, de paciência, de determinação, de vontade de ter esse novo livro em mãos.

Quando nos preparávamos para partir, ele me perguntou, meio ansioso e incapaz de resolver: “O que devo vestir para o lançamento?” Isso me lembrou muito de como eram as tardes de infância antes da “piñata”.

O lançamento foi um sucesso, muito além das nossas expectativas, e ele ficou radiante, feliz de saber que foi reconhecido, emocionado pela quantidade de amigos que vieram acompanhá-lo.

Depois do jantar de comemoração, voltamos para nossa casa, ele exausto e eu a escrever e contar, cada um celebrando a sua forma de entender o capítulo que nos foi dado nesta história.

Os interessados podem ter acesso ao livro através deste enlace.

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Luli Delgado es periodista venezolana, Master en Artes de Cine y  Video – por The American University, Washington, DC.
Fue Directora Ejecutiva de la Fundación Andrés Mata de El Universal de Caracas, y Gerente del Centro de Documentación de TV Cultura de São Paulo. Es autora de varios libros y crónicas.
delgado.luli@gmail.com

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