Dizem que a solidão é má conselheira. Acho que eles estão certos. Um milhão de anos atrás, um sujeito estava mais solitário do que o sino da velha igreja. Estudava para o doutorado em uma universidade saxã onde, ao chegar, recebeu algumas instruções de seu tutor. No final delas o tutor também explicou que eles se cumprimentariam, se dando as mãos, duas vezes durante a sua estadia: a primeira vez já havia acontecido havia alguns minutos, e a segunda seria quando esse sujeito fosse embora de vez. Assim, ele percebeu que naquele lugar não haveria lugar para o amor.
Mas, sedento de amor, o sujeito se apaixonaria pelas mulheres mais próximas; num supermercado conheceu a mulher paquistanesa de pele branca e longos cabelos negros. Ela era bonita e muito inteligente, mas se não fosse pela solidão, ele não teria sucumbido a ela tão rapidamente e tão profundamente. No entanto, foi o que aconteceu e essa mulher, não tendo tanta dificuldade em ficar sozinha, o trocou pelo orientador dela. O sujeitou desmilinguo-se. Os poucos amigos que já tinha o descolaram do chão com o fio de facas. O sujeito, ainda não totalmente recuperado e como se fosse para se recompor, tirou umas férias em Paris. Mal chegou pensou que ali a viu, no meio da multidão! A chamou pelo nome, procurando-a em todas as mulheres de longos cabelos negros, mas finalmente se convenceu de que eram miragens e que seu coração ainda não estava curado.
O tempo cura tudo, dizem, e também acho que têm razão. Hoje ele se lembra dela toda vez que a vê na internet apresentando suas opiniões. Mas ele não sente mais o mesmo. Não sei se é bom, mas ajuda o sujeito a ir levando, a vida, não a paquistanesa.