Há muito tempo venho apostando na EuroMilhões. O prazer de jogar é algo que herdei de minha avó. Ela costumava apostar no jogo de apostas no bairro. Se ela ganhasse, era pouco. Mas era o suficiente para ela. Eu gostava que ela me pedisse para ir até a esquina para apostar em seu jogo.
Hoje, minhas necessidades são um pouco maiores do que as de minha avó. Eu gostaria de ficar rico sem trabalhar. Mas gosto mais de sonhar que vou ganhar, tanto que às vezes nem vejo o resultado, porque o prazer de sonhar que ganhei é quase suficiente para mim.
Hoje, eu estava indo conferir meu jogo, confiante de que havia ganhado porque um vizinho me disse isso. Mas acontece que, enquanto caminhava para verificar, encontrei um crocodilo atravessado na porta da loja de apostas. Eu poderia jurar que ele estava sorrindo quando me disse que só comia um de cada três que tentavam passar por ele. Mas ele não quis me dizer quantos haviam tentado hoje. Ele até sugeriu que eu fizesse uma aposta. Tentei negociar com o crocodilo, dizendo-lhe que lhe daria uma parte do meu prêmio. Mas ele respondeu que todos lhe disseram a mesma coisa. Enquanto isso, uma fila estava se formando atrás de mim, e eles estavam me pressionando a fazer uma aposta. Calculei que os crocodilos não são tão rápidos, mas se eu tentasse pular sobre ele, ele poderia morder minha perna e, mesmo que fosse apenas isso, seria muito pior do que o pé de atleta que me atormenta há anos. Então, contra a gritaria impaciente da fila, pedi um tempo para chamar a polícia. Mas eles não acreditaram em minha história do crocodilo. Um deles até recomendou que eu seguisse o conselho do crocodilo e me arriscasse. A agência de jogos estava prestes a fechar, e eu estava ficando sem tempo. Não sei o que você teria feito. Mas alguns jogadores que vieram depois de mim juram que, entre os arrotos do crocodilo, eles ouvem essa história contada pelo próprio crocodilo.
Alfredo Behrens alcançou o grau de Ph.D. pela Universidade de Cambridge. Ele ensinou Liderança nas melhores escolas de gestão e foi publicado ou premiado por Harvard, Princeton e Stanford. Alfredo tem quatro filhas e, com a sua mulher Luli Delgado, mora no Porto, Portugal, desde 2018. Alguns dos seus livros podem ser adquiridos através da Amazon.
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