Gente que Cuenta

O Trem Fantasma, por Alfredo Behrens

Metro de Moscu Atril press
Metro de Moscú, 2033
Visión apocalíptica
Sin autor o fecha

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   Perseguido pelas sirenes e ratazanas de Nova Iorque, Augusto mergulhou num Metrô. Para piorar, era a linha 3, que leva as pessoas do Harlem ao Brooklyn. Tanto o metrô quando as pessoas parecem se desfazerem em pedaços. Embora em tons diferentes, o metrô e os passageiros uivam e assustam. Augusto desceu em Columbus buscando uma transferência e se perdeu. Dizem que foi visto, com um passaporte uruguaio na mão, pedindo pelo trem fantasma para Montevidéu.

Conto isto porque o pandemônio da viagem de Metrô que Augusto me contou no hospício me lembrou àquele trem que Augusto queria pegar para Montevidéu. Era chamado de Trem Fantasma. Não levava a lugar nenhum, mas te transportava para um mundo de horrores no parque de diversões que homenageava ao educador Rodó. No tal de Trem Fantasma a gente entrava num carrinho ligado a outros, colocavam uma barra na frente para não caíres, e o comboio começava a sacolejar ruidosamente sobre trilhos desiguais em um ambiente escuro, interrompido apenas por luzes sombrias que, antes de se apagarem, iluminavam coisas como um féretro de onde saia um esqueleto com um ar podre. Além disso, quando você avançava, você podia ser tocado pelo que seriam barbantes, mas no escuro você os sentia como se fossem teias de aranha ou a própria baba do diabo.

A viagem no Trem Fantasma durava minutos, e nós entrávamos para sentir um medo circunscrito; ao contrário das pessoas que entram na linha 3 do Metrô de Nova Iorque por quase uma hora sem saber se sairão com vida. Coisas dos sentidos, ruídos e memórias. Pobre Augusto.

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Alfredo Behrens  é doutor pela Universidade de Cambridge, leciona Liderança para as escolas de negócios da FIA em São Paulo.
Alguns de seus livros podem ser adquiridos na Amazon.
ab@alfredobehrens.com

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