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Pelé, um episódio, por Roberto Managau

Pele con camisa de Penarol diario El Pais Uruguay Atril press
Pelé con camisa de Peñarol
foto diario El País, Uruguay

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   “Hoje vamos ao estádio e você vai ver o Pelé”. Foram palavras do meu tio e fiquei encantado com a notícia. “Ir ao estádio”, como se costuma dizer em Montevidéu, referência ao Estádio Centenário, já era um “programão” para os apaixonados por futebol e ainda mais quando ninguém menos que Pelé estaria em campo contra o clube Peñarol, ao vivo. Lembrei-me de ter visto Pelé em breves cinejornais nos cinemas, que passavam antes dos filmes e de um colorido produzido depois da Copa do Mundo de 1966, que cheguei a ver cinco vezes alternadas, um filme que mostrava as melhores jogadas e gols daquele campeonato. Naqueles anos, precisamente em 1969, não era fácil ver um ídolo do futebol mundial jogar “no estádio”, diferente de hoje quando sabemos até a pasta de dente usada por algumas celebridades.

Francamente não me lembro do resultado (soube recentemente), e Pelé rubricou seu 1001º gol naquele jogo, mas outro fato também sinalizou aquele dia. Pelé havia convertido seu milésimo gol no Brasil e seu rival Peñarol quis homenageá-lo por isso. Quando o Santos entrou em campo com aquele emblemático uniforme de camisa, short e meião, imaculadamente brancos, Pelé o fez com uma camisa do Peñarol, amarela e preta com o número 1000 nas costas. Os fãs ficaram atônitos e admirados ao mesmo tempo! É preciso entender que era uma época em que não existiam “camisas de clube em homenagem a…”; os números das camisas variavam de 1 a 11; estas jamais eram trocadas ao final das partidas; não existia o consumismo esportivo (entre outros) de hoje; não havia, a camisa “oficial” para pavonear-se … enfim, outros tempos.

Pelé mito, 1000 gols parece um número absurdo. Pelé, ser humano com suas virtudes e defeitos, um jogador de futebol e nada mais. Não sei se ele foi o melhor do mundo, embora todos digam isso, principalmente os mais velhos do Brasil. Não deve ser fácil ser “o melhor do mundo” em alguma coisa, embora hoje sejam muitos, mais do que antes parece … mas nunca me esqueço daquela tarde no estádio com meu tio, seu legado e minha ilusão.

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Roberto Managau, uruguaio, reside em São Paulo desde 1982.
Dirige um espaço de arte uruguaia e é apaixonado por futebol, guerras mundiais e outras curiosidades da história.
rj.managau@gmail.com
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