Maria, uma mulher de 50 anos, percebeu que a era das videoconferências trouxe um novo desafio. Ela começou a se sentir como se nas sessões de Zoom ela estivesse um constante close-up de suas linhas de expressão. Não gostava. Primeiro decidiu escamotear as rugas com uma camera digital mais velha, nela as rugas não apareceriam tão claramente. Mas com essa camera velha ficava parecida com todas as outras participantes das reuniões de Zoom.
Finalmente Maria achou que o Botox seria seu super-herói antirrugas. Procurou um médico que a recebeu como uma fada, tanto que viu uma varinha de condão no lugar da seringa.
Agora Maria estava pronta para suas reuniões virtuais como uma nova versão “zoomificada” de si mesma. Ela começou a se referir ao Botox como seu “upgrade pandêmico” e enviava emojis sorridentes em vez de respostas nas conversas virtuais.
Mas, o Botox não apenas suavizou suas rugas, também pasteurizou sua expressão. Pre-botox uma sobrancelha ficava algo mais alta do que a outra. Maria não sabia mais qual sobrancelha, porque o raio da camara invertia a sua imagem. Mas o que ficou claro é que post-Botox, não havia diferença entre o movimento das sobrancelhas. Quando uma levantava, a outra também. Maria começou a achar que o Botox tinha transformado sua expressão na de um cyborg. Começou a sentir sua cara parecia de uma daquelas bonequinhas japonesas infláveis, com as quais os japoneses fazem o indizível.
Voltou na clínica parar tirar o Botox. Mas no lugar do médico foi recebida por uma bruxa, com um aspirador no lugar da seringa. Decidiu para o efeito Botox passar, seriam uns seis meses, fui o que leu na bula.