
El beso, 1912
Embora eu saiba que o beijo que me envias por SMS, quase sempre, abreviado (quando um beijo se quer longo), seja apenas uma palavra com asas, uma fórmula de cortesia familiar, um dizer sem pensar, eu fico suspenso no som silenciado, no efeito que o teu beijo teria se fosse real. Um beijo é sempre mais que um roçar de lábios na pele do outro. Há beijos que se desejam, outros que se evitam, uns de muitos mais, outros que são bem-educados e por isso frios, indesejáveis, há beijos sonoros como a palavra que exige uma pausa a separar as silabas, mas esses são sem deveras ser, e há beijos, beijos que nunca chegamos a dar até o nunca, com pausas, se acabar.

carmino@ipg.pt