News That Matters

Fernando Carmino

¡Ah sí! Minas…<br/>por Fernando Carmino Marques
Fernando Carmino

¡Ah sí! Minas…
por Fernando Carmino Marques

(a André Carneiro Ramos) ler em português       De repente el camino se hizo estrecho y los muchos kilómetros se convirtieron en leguas. Por si fuera poco, la intensa lluvia obligó a que la noche llegara temprano. Por la ventana vi que no se veía nada. A medida que pasaban las horas, crecía en mi estómago el recuerdo de una sopa minera que una noche me reconfortó del cansancio y la indolencia de los hombres. El largo velorio ambulante dejó estelas de humo en el cálido y sereno paisaje. Allí nadie hablaba ni miraba a nadie. Sólo se notaba el movimiento compulsivo de los pulgares e índices sobre los teléfonos inteligentes. Venía de la ciudad donde ni siquiera la fe del santo patrón puede dar aliento a quienes avanzan cojeando en su resignación. No traía nada y no tenía nada que llevar....
Logo me arrependi,<br/> por Fernando Carmino Marques
125b, Fernando Carmino

Logo me arrependi,
por Fernando Carmino Marques

leer en español      Comprei hoje um livro e logo me arrependi. A capa era tão bonita que imaginei encontrar naquelas páginas um pouco da vida que nunca vivi. Eram palavras bem arrumadas de doutores em inomináveis ciências e invejadas vidas, vencedores de prémios de infinito prestígio, merecedores de fotos e artigos nos jornais, com milhares e milhares de seguidores nas redes sociais. Como nada entendi, tentei deixá-lo na esplanada do café onde antecipadamente me tinha preparado para espalhar sobre mim as palavras, como quem goza o prazer de esfregar pelo antebraço a pequena amostra gratuita do perfume que sabe não poder comprar.Na mesa ao lado conversavam. Num gesto rápido, o rapaz chamou a minha atenção para o livro que ali tencionei deixar. Ofereci, mas não queria ficar com ele, não tin...
Uma viagem clandestina, por Fernando Carmino Marques
106c, Fernando Carmino

Uma viagem clandestina, por Fernando Carmino Marques

leer en españolEm Como se de outro ela fosse, título do livro que recentemente publiquei, imagino uma série de situações em que as personagens vivem com a sensação que a sua existência lhes escapa, como alguém que entra num comboio rápido, sem paragens, para um destino que não é o seu. E como a indesejada viagem se prolonga pela vida fora, as personagens veem a sua existência através da janela de uma carruagem de segunda classe, sempre com a estranha sensação de viajarem clandestinamente. Algumas dessas personagens tentam, por vezes, derrubar os muros em que a sua visão do mundo os encarcera e quando abrem os olhos para o exterior, esse movimento contínuo feito de Homens, coisas, sociedade, leis, hipocrisia, encontros e desencontros, sentem-se perdidos. O que veem é que a sua vida é como s...
O beijo – Fernando Carmino
37b, Fernando Carmino

O beijo – Fernando Carmino

leer en español Embora eu saiba que o beijo que me envias por SMS, quase sempre, abreviado (quando um beijo se quer longo), seja apenas uma palavra com asas, uma fórmula de cortesia familiar, um dizer sem pensar, eu fico suspenso no som silenciado, no efeito que o teu beijo teria se fosse real. Um beijo é sempre mais que um roçar de lábios na pele do outro. Há beijos que se desejam, outros que se evitam, uns de muitos mais, outros que são bem-educados e por isso frios, indesejáveis, há beijos sonoros como a palavra que exige uma pausa a separar as silabas, mas esses são sem deveras ser, e há beijos, beijos que nunca chegamos a dar até o nunca, com pausas, se acabar. carmino@ipg.pt
Fernando Carmino

El beso – Fernando Carmino

Ler em português Aunque sé que el beso que me envías por SMS, casi siempre abreviado (cuando un beso debe ser largo), es sólo una palabra con alas, una fórmula de cortesía familiar, un decir sin pensar, estoy suspendido en el sonido silenciado, el efecto que tendría tu beso si fuera real. Un beso siempre es más que un roce de labios contra la piel del otro. Hay besos que se desean, otros que se evitan, algunos de muchos más, otros que son corteses y por lo tanto fríos, indeseables, hay besos sonoros como la palabra que requiere una pausa para separar las sílabas, pero estos son sin ser realmente, y hay besos, besos que nunca llegamos a dar hasta que se acaba el nunca, con pausas. carmino@ipg.pt