O futuro visto de uma garrafa, por Alfredo Behrens

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  Ajudar seus filhos a crescer é muito agradável. Mas há um imponderável: não sabemos qual caminho eles vão tomar. Com o tempo, é impressionante perceber que o caminho das crianças não será o mesmo.

No turbilhão de tarefas, talvez não prestemos atenção suficiente a pequenos sinais que sugerem diferentes estilos e caminhos para as crianças. Partilho uma anedota.

Eles eram dois irmãos em um país pequeno com garrafas de Coca-Cola grandes demais para crianças. “É para compartilhar”, disse o pai enquanto entregava uma garrafa aos irmãos. O mais velho estava distraído com um livro e quando foi olhar, o mais novo tinha bebido a Coca toda. Clamando por justiça, o irmão mais velho chamou o pai, confiando que ele restauraria a ordem. Foi quando o menor dos dois explicou que, como metade da bebida que lhe correspondia estava no fundo da garrafa, ele teve de beber a primeira parte para chegar à sua. O pai caiu na gargalhada e o mais velho sentiu-se duplamente ofendido. O irmão mais novo seguiu a carreira de artista e o irmão mais velho a de professor, e nunca mais conseguiu beber Coca-Cola em paz.

Anos depois, o mais velho leu em algum lugar que, ao crescerem, os irmãos mais novos tendem a ser revolucionários e artistas, enquanto os primogênitos tendem a ser conservadores e seguem carreiras compatíveis com sua natureza, como direito e outras carreiras convencionais.

Teria sido possível ver o futuro dos irmãos no fundo daquela garrafa?

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