Os russos e nós, por Alfredo Behrens

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Acho que ser russo é coisa muito séria. Não é apenas uma questão de passaporte. Essa turma é parte de uma civilização que até nos deu muita vida. Senão pensa na sua literatura, nem que seja na Ana Karenina, ou mesmo Guerra e Paz. Ou mesmo na poesia deles, Anna Akhmatova é a minha preferida! Mas se a literatura não é a tua praia, que tal a música dos russos? Na minha infância eu ouvi um vinis do Rimski Korsakov até que a agulha passou para o outro lado. Não gostas de Scherezade? Dos Quadros numa exibição do Mussorgsky, também não? Que tal pintores como Chagall, Malevitch ou Kandinsky? Também não gostas? Que tal a dança? Tive a sorte de estar no Bolshoi, uma maravilha! Também diferimos quanto a dança? Cinema então? Não falemos do Ensenstein que é difícil, mas que me dizes do Nikita Mikhalkov? O filme dele Queimado pelo Sol me tocou fundo! Também não gostas do cinema russo? Que tal dos pensadores sociais como Kondratiev? Dos cientistas como Mendelev, Prigogine? Este último inspirou a minha tese de doutoramento! Será que exagero ao te dizer que penso que a Russia não é um pais, mas uma civilização?
Naturalmente há senões. Parece ser terra que também da déspotas, este último é de lascar, nem ilustrado é. Mas, deixa os russos sozinhos e renascerão das cinzas ,como o fizeram com os anticafés, lugares onde você paga (pouco) por hora, para passar um tempo batendo papo. Muito melhor do que eu tinha em Montevidéu. Por lá eu tinha de comprar um café para sentar nalgum lugar. Como o propósito não era o café, mas passar um tempo batendo papo, o dono do café não gostava e o expressava vendendo café muito ruim. Gente, quero voltar a Moscou, ou São Petersburgo, no verão, e quando os russos se livrarem deste transloucado.

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