“Não te esqueças de mim, que desvendaste
A calma ao meu olhar ermo de paz […]”
dizia Vinicius de Moraes disse em seu Soneto de Montevidéu, cidade que adorava, onde foi diplomata da embaixada brasileira por alguns anos.
E poucos sabem que há outra “Montevidéu” a 10.000 km de distância da verdadeira, no estado americano de Minnesota, incluída uma praça “José Artigas” e a estátua do próprio herói uruguaio. Um nova-iorquino, Cornelius Nelson, deu esse nome à região, por volta de 1870, porque lembrava a topografia daquela do Prata, que ele tinha visto em uma viagem anterior. Há mais de um século, ambas se consideram cidades irmãs e trocam experiências amigáveis sempre que possível.
Mas será que Cornelius Nelson saberia a origem do nome “Montevidéu”? Segundo o escritor Eduardo Cuitiño, com base em informações da Prefeitura da capital uruguaia, o primeiro nome atribuído (à paragem, a cidade não havia sido fundada) foi o heterodoxo Pináculo da Tentação, por causa do famoso morro adjacente à grande enseada. Os primeiros navegadores que entraram no Río da Prata, a partir de 1501, vindos do Oceano Atlântico, batizaram com vários nomes a localização, que chamava a atenção devido à tal elevação que ali se erguia, na margem direita. E assim foi o Monte da Detenção, São Pedro, da Candelária, até o suposto sexto monte, de leste a oeste, ou seja: Monte VI D.E.O. Sem dúvida, este último, com certa lógica, apesar que prevaleceu depois, o que aprendemos na escola como diz Cuitiño, a do vigia português postado na caravela Trinidad de Fernão de Magalhães, em 1520, que gritou “Monte! vide eu! ”, que significaria “eu vi um monte”.
O processo da cidade começou em 1724, fundada com o pomposo nome de São Felipe e Santiago de Montevidéu, também apelidada anos depois, de “A Nova Troia” pelo escritor francês Alejandro Dumas (pai) em seu romance sobre a guerra civil uruguaia, a Guerra Grande de intermináveis 12 anos.