Gente que Cuenta

Despedida,
por Alfredo Behrens

 

Coffee Atril press
“É engraçado como perdi o medo do outono. É como se eu estivesse feliz por estar vivo agora…”

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Ouvi dizer que seria o último dia de verão no Porto e sentei-me na esplanada de um café para me despedir. Foi gostoso, fumei um charuto, tomei um café delicioso, acompanhado de um chocolate. Ah! Além disso, levei o meu vinho do Porto para comemorar. Foi bem bonito.

Observei como as árvores que ainda têm folhas já estão amareladas, o resto está no chão. Elas parecem ter caído junto com as cores rosa da Barbie que as mulheres usavam até recentemente. Agora as mulheres usam cores tendendo ao ocre e as meninas não mostram mais o umbigo tão generosamente. Também vi um homem de pernas curvas se afastando, acompanhando o verão, como se tivesse descido do cavalo ali mesmo. Eu teria observado menos se o tempo estivesse mais frio, mas como ouvi dizer, era o último dia de verão.

O outono da minha juventude nunca foi minha estação favorita. Lembro-me de sentir que estava sofrendo não apenas o fim da brincadeira, mas a estação também tinha um gosto fantasmagórico para mim. Em Montevidéu, a iluminação pública consistia em uma luz forte pendurada na interseção das ruas, e balançavam com o vento. Com eles, todas as sombras se moviam! Já em Cambridge, quando voltava do trabalho de bicicleta por uma floresta, não havia luz, mas havia sombras, e elas também se moviam. Era esfaqueante!

É engraçado como perdi o medo do outono. É como se eu estivesse feliz por estar vivo agora. Que venham mais outonos depois dos verões!

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Alfredo Behrens é doutor pela Universidade de Cambridge, leciona estratégia e assuntos interculturais para a escola de negócios FIA em São Paulo y para Harvard Business Education.
Alguns de seus livros podem ser adquiridos na Amazon.
ab@alfredobehrens.com

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