leer en español
Li recentemente que não fazer um esforço para pronunciar corretamente o nome estrangeiro de um aluno pode constituir uma forma de micro agressão étnica. E pode ter muita verdade.
Na minha escola meu pai tinha um colega chamado Samuel Moreira. Acontece que o diretor inglês da escola não conseguia pronunciar o Moreira e perguntou ao aluno se ele tinha outro sobrenome. E foi assim que o colega do meu pai entrou para a história como Sam Acosta, em homenagem ao sobrenome de sua mãe.
"... o diretor inglês da escola não conseguia pronunciar o Moreira e perguntou ao aluno se ele tinha outro sobrenome"
Bem, uma geração depois eu estava, no que deveria ser uma reunião social com o diretor da mesma escola, ele também inglês. Sam Acosta se aproximou de nós e quando soube que o novo diretor tinha tido seu primeiro filho, perguntou-lhe o nome dele e reproduzo aqui o que lembro do diálogo:
“Rupert” respondeu meu diretor.
“Ele terá que ser um bom boxeador”
“Por que?”
“Porque com um nome assim você terá que aprender a se defender desde cedo!”
Lembro do Sam como um sujeito afável e bem-humorado, mas hoje me pergunto se em seu comentário sobre o nome do filho do meu diretor ele não expressou um indício de vingança do diretor da sua infância por ter mudado seu nome apenas por preguiça imperial.
Alfredo Behrens é doutor pela Universidade de Cambridge, leciona Liderança para as escolas de negócios da FIA em São Paulo e IME em Salamanca, e é Presidente do Conselho Estratégico da Universidade Fernando Pessoa, no Porto, onde reside.
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