O Unibar queimou,
por Alfredo Behrens
leer en español Como a neblina que abraça os prédios desbotados da cidade, a notícia me envolve com sua melancolia pesada: o Unibar não existe mais. Mais um lugar que sucumbiu ao tempo, alguns vão dizer. Mas para mim, aquelas paredes guardavam o eco das conversas que moldaram minha juventude.Ali, colado na Universidade, o cheiro do café ralo se misturava com as ideias revolucionárias. Era um refúgio onde as várias tonalidades da esquerda convergiam, tipo pássaros diferentes buscando abrigo debaixo da mesma marquise gasta.Lembro especialmente de um deles, um parceiro cuja bondade brilhava feito uma luz fraca naquelas tardes de debate. Ele me confessou uma vez, entre goles de café e fumaça de cigarro, que tinha medo de falar abertamente comigo, achando que suas palavras podiam ser usada...