Por favor, majestade, por Pedro Tebyriçá
leer en español Eu trabalho no aeroporto internacional do Rio de Janeiro, recebendo os viajantes que ora retornam, ora vêm conhecer. Dali, instalado debaixo de uma câmera de reconhecimento facial, eu vejo o mundo. Vejo turistas, jovens, velhos, acompanhados, sozinhos, brancos, negros, amarelos, que trazem em si o desejo dos trópicos. Vejo jovens mães empoderadas pelo sentimento apolíneo da maternidade, contrapondo os seus rebentos à grandeza de todo o universo. Vejo crianças dando seus primeiros passos desgarradas de seus pais, com os olhinhos arregalados de tanta curiosidade e a aura cândida e inocente de quem ainda não conhece a crueldade do mundo. Vejo os que regressam em farrapos, triturados pelo sonho não alcançado. Vejo ex-prostitutas, que com a força perene de suas vaginas, dobrar...