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Decameron – Ricardo Martins

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Un cuento del Decameron
John William Waterhouse, 1916

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No século XIV, um grupo de jovens se recolhem em um castelo afastado da cidade de Florença. A peste negra grassava pelo mundo então conhecido.

Esse foi o registro literário de uma pandemia e de uma quarentena.

Giovanni Boccaccio, no seu “Decameron”, escrito entre 1348 e 1353, utilizou de tal momento histórico para reunir um grupo de dez nobres que, para fugirem da peste, se recolheram ao tal castelo para passarem o tempo, contando 100 saborosas histórias eróticas, algumas beirando a pornografia, com fortes pinceladas de crítica aos costumes e às autoridades leigas e eclesiásticas .

Foi uma ruptura com as tradições morais e líterarias da Idade Média.

Hoje, o princípio da quarentena é o mesmo. Isolamento. Mas o então mundo totalmente conhecido é outro. Não estamos saindo de uma Idade Média. Pelo menos não uma Idade Média como conhecemos historicamente

Um mundo maior. Mais complexo. Mais interligado. Com regras totalmente diferentes. Temos inúmeras manifestações culturais. Inúmeros veículos para promove-las. Inúmeros recursos para efetiva-las. Um conjunto enorme de países.

Me pergunto qual tipo de obra, pouco importa seu tipo de manifestação,  permanecerá como representação desse momento histórico? Terá o hedonismo como mote? Será irônica? Cruel? Tristemente real? Ingenuamente esperançosa?

Restará alguma com a representividadede um “Decameron”?

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Ricardo Martins, jornalista e pesquisador, com trabalhos para a Editora Abril, TV Cultura e Fundação Roberto Marinho.
ricardomarts@yahoo.com.br

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