Fábrica de frangos,
por Alfredo Behrens
leer en español Jõao tem catorze anos e trabalha no turno da noite como empregado de limpeza na fábrica de processamento de frangos. Processar é uma figura de estilo. É mais um inferno. Os frangos vivos chegam lá vivos e saem em pedaços, dispostos em pequenos tabuleiros de plástico. As penas com que estavam vestidos são usadas como ração para os frangos que vem atrás deles. Tudo arrumadinho, exceto o cheiro, que é um pouco mortífero. O trabalho de João é o asseio, sem eufemismos. Quando chega, veste uma farda de borracha para não se molhar com o ácido que usa para lavar com uma mangueira até as cinco da manhã, altura em que começa o tal do processamento. Embora o trabalho não seja nada parecido com o seu sonho de ser astronauta, João, ainda com todos os dedos, tirou um selfie de unifo...