Long shot, por Ana Vidal
leer en españolA mulher olhou o homem demoradamente. Escorria pelo sofá, descomposto, de comando na mão e olhos fixos no écran da tv. "Se algum dia deixar de te amar, é porque morri", afirmara ele um dia, pomposo, olhos nos olhos, ainda príncipe encantado. Quantos anos passados? Tantos, tantos. Não sabia por que se lembrara agora daquilo, mas a frase ecoava-lhe na cabeça. "Se algum dia deixar de te amar, é porque morri". Olhou-o de novo, quase condoída, mas não resistiu ao masoquismo do teste. Sentou-se ao lado dele e abriu o baile, com voz doce:- Qual é a minha cor preferida?- Quê? - nem a surpresa da pergunta o fez desviar os olhos do écran.- A minha cor preferida. Perguntei-te qual é.- Hummm... verde?- Não. Azul. E o meu prato preferido?- Ah, deixa-te disso. Sei lá.- Qual é o perfume qu...