News That Matters

Fernando Carmino Marques

Janelas, por Fernando Carmino Marques
161a, Fernando Carmino Marques

Janelas, por Fernando Carmino Marques

 leer en españolHá janelas que dão para o saguão de casas, vidas fechadas, onde o sol parece ter medo de perder o brilho que generosamente oferece à mais ínfima das flores. Algumas dão para becos sem alma, entregues à irreverência dos gatos e à urina noctívaga dos bêbados que ao madrugar suspiram por ruas submissas ao deslize das borboletas. Outras, por caprichosa ignorância, dão para árvores abandonadas à poeira lamacenta dos homens e ao desprezo dos dias.Absortas em infinitos solilóquios do eu, há janelas que são muros tão opacos como o cavalo que uma noite caprichosa (talvez de verão) Ulisses insistiu em oferecer a Troia. E, às vezes, “em magoados fins de dia”, quando o céu parece não ser mais que uma ilusão e já nada se espera que mereça esperar, há frestas, seres, que nos abrem para o...
Ventanas,<br/> por Fernando Carmino Marques
Fernando Carmino Marques

Ventanas,
por Fernando Carmino Marques

ler em português      Hay ventanas que dan al zaguán de casas, vidas cerradas, donde el sol parece temer perder el brillo que ofrece generosamente a las más ínfimas de las flores. Algunas desembocan en callejones sin alma, entregadas a la irreverencia de los gatos y al orín nocturno de los borrachos que, al amanecer, suspiran por calles sumisas al vuelo de las mariposas. Otros, por caprichosa ignorancia, dan hacia árboles abandonados al polvo fangoso de los hombres y al desprecio de los días.Absortas en infinitos soliloquios del yo, hay ventanas que son paredes tan opacas como el caballo que una noche caprichosa (quizás de verano) Ulises se empeñó en ofrecer a Troya. Y a veces, “en golpeados finales de días”, cuando el cielo parece no ser más que una ilusión y no se espera nada que valga l...
Meu amigo Mário,<br/> por Fernando Carmino Marques
162c, Fernando Carmino Marques

Meu amigo Mário,
por Fernando Carmino Marques

leer en español        Dos três nomes que te deram como prémio de vires ao mundo e te apresentavas às sombras dos que em vão nele se agitam o último será levado na corrente daqueles que de ti herdaram teu sangue. De pronto esquecidos, os outros serão somente recordados com aquela diluída saudade de quem contigo ousou enfrentar esse armado cavaleiro cego chamado Vida e que mais certo seria chamar Sono. De pé e braços nus, teu escudo foram seis cordas suspensas numa guitarra que sem descanso acariciavas, julgando poder escapar à lança do cavaleiro cego, impetuoso derrubador dos sonhos e ilusões que obstinadamente reconfortam nossos dias para neles sossegarmos a alma. Tua será a resignada mágoa que neste Sono não lograste alcançar, essa mão estendida para o reverso da lua. Minha, nossa ...
Mi amigo Mário,<br/> por Fernando Carmino Marques
Fernando Carmino Marques

Mi amigo Mário,
por Fernando Carmino Marques

ler em português       De los tres nombres que te dieron como recompensa por venir al mundo y presentarte a la sombra de quienes en él se mueven en vano, el último será tomado en la cadena de quienes heredaron de ti tu sangre. Inmediatamente olvidados, los demás solo serán recordados con ese anhelo diluido de quienes contigo se atrevieron a enfrentar a ese caballero ciego y armado llamado Vida y que muy probablemente se llamaría Sueño. De pie con los brazos desnudos, tu escudo eran seis cuerdas suspendidas de una guitarra que acariciabas sin cesar, pensando poder escapar de la lanza del caballero ciego, del impetuoso derrocamiento de sueños e ilusiones que obstinadamente consuelan nuestros días para que podamos calmar nuestras almas.Tuya será la pena resignada que en este Sueño no pudiste ...
Silêncio de lua cheia,<br/> por Fernando Carmino Marques    
159b, Fernando Carmino Marques

Silêncio de lua cheia,
por Fernando Carmino Marques    

leer en español       Um par de óculos grossos, pendurado ao pescoço, outro teimosamente deslizando pelo afilado nariz, Heráclito observa as sombras de pele rosada que de smartphone na mão passam diante da vetusta loja de “souvenirs” (ele esqueceu a palavra em grego) onde os deuses o condenaram por existências passadas a questionar destino dos homens. No outro lado da rua, na loja em frente, Zenão, olhos postos no chão, enrola entre as pontas queimadas dos dedos um magro cigarro; há muito que o negócio não dá para mais. Heráclito observa-me como através de um rio. De repente tenho a sensação de que ele me interroga naquele seu silêncio de lua cheia de significados que discretamente lança aos bárbaros low cost que em calções, chinelo e boné invadem agora a cidade onde em outros dias ele ...
Un silencio de luna llena,<br/> por Fernando Carmino Marques
Fernando Carmino Marques

Un silencio de luna llena,
por Fernando Carmino Marques

ler em portuguêsCon un par de gruesas gafas colgando del cuello y el otro deslizándose obstinadamente por su afilada nariz, Heráclito observa a las sombras de piel rosada que, smartphone en mano, pasan junto a la vieja tienda de souvenirs, (ha olvidado la palabra en griego), donde los dioses le condenaron por existencias pasadas a cuestionar el destino de los hombres. Al otro lado de la calle, en la tienda de enfrente, Zenón, con los ojos fijos en el suelo, lía un fino cigarrillo entre las yemas quemadas de sus dedos; hace tiempo que el negocio va lento. Heráclito me observa como a través de un río. De pronto, tengo la sensación de que me interroga en ese silencio lunar lleno de significados que lanza discretamente a los bárbaros "low cost" que, con pantalones cortos, chanclas y gorras, in...
Com a serenidade dos pássaros, por Fernando Carmino Marques
156a, Fernando Carmino Marques

Com a serenidade dos pássaros, por Fernando Carmino Marques

leer en español       Hoje não, mas amanhã vou ter tempo para pensar em sair do tempo. Deixar de estar suspenso no cais, acenando aos barcos que de vela panda levam o anseio de quem ficou e deixam no horizonte a saudade de quem os vê partir e de braço estendido implora em silêncio que o levem até onde nunca soube saber sonhar. Hoje não, mas amanhã vou pensar em deixar de ouvir o vai e vem da água suja batendo nas paredes viscosas do cais, esquecer o rodopio das tainhas que no lodo em que se reproduzem esperam o dia em que uma maré vinda de um “mar sem horizontes precisos” lhes revele uma água leve, límpida, longe do limbo dos dias. Hoje não, mas amanhã vou aprender a caminhar sobre as águas e abrir horizontes nas estreitas paredes das pequeninas ilusões com que enchi minhas horas ...
Con la serenidad de los pájaros,<br/> por Fernando Carmino Marques
Fernando Carmino Marques

Con la serenidad de los pájaros,
por Fernando Carmino Marques

ler em português      Hoy no, pero mañana tendré tiempo para pensar en salir del tiempo. Deja de estar suspendido en el muelle, saludando a los veleros que se llevan el anhelo de los que se quedaron y dejan en el horizonte el anhelo de quienes los ven partir y con los brazos extendidos les ruegan en silencio que los lleven a donde nunca supieron llegar. Soñar.Hoy no, pero mañana pensaré en dejar de oír las idas y venidas del agua sucia golpeando las viscosas paredes del muelle, olvidando el remolino de los salmonetes que en el fango en el que crían esperan el día en que llegue la marea procedente de un “Mar sin horizontes precisos” que les revela un agua clara, clara, alejada del limbo de los días.Hoy no, pero mañana aprenderé a caminar sobre el agua y abrir horizontes en las estrechas par...
Quem devo anunciar?, <br/> por Fernando Carmino Marques
148c, Fernando Carmino Marques

Quem devo anunciar?,
por Fernando Carmino Marques

leer en español     Entrei e uma voz sem timbre, talvez de quem estava à minha frente, ou de uma qualquer inteligência artificial, perguntou: “Quem devo anunciar”? Espantado e depois na dúvida, olhei para onde as palavras se escondem e perdido entre o verbo ser e o verbo estar fiquei sem saber se sou o que um dia julguei ser, ou se algum dia fui o que agora sou. “Quem devo anunciar”? ouvi de novo. De repente e já quase a responder, lembrei-me das muitas vezes que me confundiram com outro e de todos aqueles nomes que são parecidos ou iguais ao meu e achei que talvez fosse mais indicado dar-lhe o número de segurança social, contribuinte fiscal, telefone, ou até o número da matrícula do carro do meu vizinho do terceiro esquerdo que todos os dias me chateia só por existir. A voz sem timbre ...
¿A quién debo anunciar?,<br/>  por Fernando Carmino Marques
Fernando Carmino Marques

¿A quién debo anunciar?,
por Fernando Carmino Marques

ler em português      Entré y una voz apagada, tal vez de la persona que tenía delante, o de alguna inteligencia artificial, preguntó: “¿A quién debo anunciar?” Asombrado y luego en duda, miré hacia donde se escondían las palabras y perdido entre el verbo ser y el verbo estar, no sabía si era lo que alguna vez pensé que era, o si alguna vez fui lo que soy ahora. “¿A quién debería anunciar?” Lo escuché de nuevo. De repente, y casi listo para responder, recordé las muchas veces que me confundieron con otra persona y todos esos nombres parecidos o iguales al mío y pensé que tal vez sería más apropiado darles el número de seguro social, número de contribuyente de impuestos, número de teléfono o incluso la matrícula del auto de mi vecino del tercero a la izquierda, que me molesta todos los días...
O absurdo já não é o que era, <br/>por Fernando Carmino Marques
146b, Fernando Carmino Marques

O absurdo já não é o que era,
por Fernando Carmino Marques

leer en español       Há números que me dão arrepios e como era dia 7 preferi deixar para a manhã seguinte o que a mim mesmo tinha prometido (ainda bem que o mim-mesmo raramente se queixa das minhas promessas). Garanto: se não fosse dia 7 tinha finalmente escrito aquela carta que há muito ando para enviar. Sim, uma carta, uma daquelas cartas registradas, com aviso de recepção, que o carteiro entrega, quando ninguém espera. Já desisti de mandar emails porque regressam todos com a mesma indicação “email não reconhecido”. Sim, desta vez iria aconchegar uma a uma todas as palavras que dão cor às minhas ideias tais como são, e não como certos especialistas que desafiam a nossa paciência com palavras dissimuladas ou pintores de telas abstratas que nos deixam desconfiados, cara de idiota pasma...
El absurdo ya no es lo que era, <br/>por Fernando Carmino Marques
Fernando Carmino Marques

El absurdo ya no es lo que era,
por Fernando Carmino Marques

ler em português       Hay números que me ponen la piel de gallina y como era el día 7 preferí dejar lo que me había prometido para la mañana siguiente (menos mal que el mí-mismo pocas veces me queja de mis promesas). Garantizado: si no fuera por el día 7, por fin habría escrito esa carta que llevaba mucho tiempo queriendo enviar. Sí, una carta, de esas cartas certificadas, con acuse de recibo, que el cartero entrega cuando nadie las espera. Desistí de enviar correos electrónicos porque todos regresan con el mismo "correo electrónico no reconocido". Sí, esta vez acomodaría una a una todas las palabras que dan color a mis ideas tal como son, y no como ciertos expertos que desafían nuestra paciencia con palabras disfrazadas o pintores de lienzos abstractos que nos dejan suspicaces, frente...