News That Matters

Fernando Carmino Marques

Tarde à mesa do café,<br/> por Fernando Carmino Marques
145b, Fernando Carmino Marques

Tarde à mesa do café,
por Fernando Carmino Marques

leer en españolà Georgia (Tzina) Kalogirou      Inútil esperar: uma vez mais faltarias ao encontro. Eu sei que à hora em que os corpos abertos e suados se sentam à mesa do café, esperando os sinais ocultos da noite, Atenas transpira o sal abafado dos dias. Sei também que o local escolhido não seria do teu agrado nem de Georgia, ela que te despe as palavras e te expõe à crua claridade das ideias. Mas era tão perto da janela do meu quarto que ao ver-te eu poderia acenar-te e deixar que os meus olhos voltassem a ter a inocência da ilusão. Tenho por certo que me dirias que os deuses sofrem agora, insultados a cada momento, pela presença de bárbaros em sapatilhas Nike, exalando imitações baratas de perfumes lowcost, enquanto Tirésias, vendedor de romãs, dádiva à luz do sol, expõe a vida como el...
Tarde en la mesa del café,<br/> por Fernando Camino Marques
Fernando Carmino Marques

Tarde en la mesa del café,
por Fernando Camino Marques

ler em portuguêsa Georgia (Tzina) Kalogirou      No tiene sentido esperar: una vez más faltarías al encuentro. Sé que en el momento en que los cuerpos abiertos y sudorosos se sientan a la mesa del café, esperando las señales ocultas de la noche, Atenas suda la sal bochornosa de los días. Sé también que el lugar elegido no sería ni de tu agrado ni del de Georgia, ella que te despoja de tus palabras y te expone a la cruda claridad de las ideas. Pero quedaba tan cerca de la ventana de mi cuarto que cuando te viera podría saludarte y dejar que mis ojos volvieran a la inocencia de la ilusión. Seguro que me dirías que los dioses sufren ahora, insultados a cada instante, por la presencia de bárbaros con zapatillas Nike, exhalando imitaciones baratas de perfumes lowcost, mientras Tiresias, vendedo...
O tamanho dos meus sapatos, por Fernando Carmino Marques
143a, Fernando Carmino Marques

O tamanho dos meus sapatos, por Fernando Carmino Marques

Ao Gabriel Moralez leer en español       Quando a máscara me pediu que lhe apresentasse um resumo da minha previsível existência, respeitadora de tudo o que o inquestionável interesse coletivo impõe a cada um de nós, fiquei sem saber o que responder. Que poderia eu dizer que o computador não soubesse já? Eu o anónimo número de identificação fiscal, o resumo de tantos outros resumos, o limitado a uma existência resumida ao que nunca pensei poder resumir e vivo repetindo conceitos que nem em sonhos penso poder questionar, sim que poderia eu acrescentar que o computador não soubesse já? Pensei, com medo que alguma palavra me escapasse e confirmasse que o computador sabia mais sobre mim do que alguma vez julguei poder vir a saber. Torci e retorci a língua à procura da palavra subservi...
El tamaño de mis zapatos, por Fernando Carmino Marques
Fernando Carmino Marques

El tamaño de mis zapatos, por Fernando Carmino Marques

A Gabriel Moralez ler em português       Cuando la máscara me pidió que presentara un resumen de mi existencia predecible, respetuosa de todo lo que el incuestionable interés colectivo impone a cada uno de nosotros, no supe qué decir. ¿Qué podría decir que la computadora no supiera ya? Soy el número de identificación fiscal anónimo, el resumen de tantos otros resúmenes, limitado a una existencia resumida, a los que nunca pensé poder resumir y vivo repitiendo conceptos que ni en sueños creo poder cuestionar, sí, podría agregar. ¿Que la computadora no lo sabía ya? Pensé, temiendo que se me escapara alguna palabra que confirmara que la computadora sabía más sobre mí de lo que jamás pensé que podía saber. Retorcí y retorcí mi lengua buscando la palabra servil que rompiera brevemente l...
Enquanto luzir uma vela, por Fernando Carmino Marques
141a, Fernando Carmino Marques

Enquanto luzir uma vela, por Fernando Carmino Marques

leer en español        Por irrevogável decisão do Supremo Tribunal do Interesse Anónimo e Coletivo, fui condenado a vinte anos renováveis de mediocridade ativa e desterrado para uma pequena povoação onde a população, eternamente reconhecida a quem se pode agradecer pela apatia que o destino nos oferece, me olhava de lado, para poder torcer o nariz, e sorria como quem não gosta de sorrir. Com sorte e paciência acabei por encontrar outros que a seu tempo o mesmo tribunal, também por irrevogável decisão, não hesitara em condenar por terem ousado questionar os fundamentos do nosso bem-estar anónimo e coletivo. Alguns, com o tempo, já esquecido o motivo da sua condenação e renunciado ao que um dia julgaram poder vir a ser, olhavam-me com simpatia, disfarçando a pequena chama de uma vela que na ...
Mientras brilla una vela,<br/> por Fernando Carmino Marques
Fernando Carmino Marques

Mientras brilla una vela,
por Fernando Carmino Marques

ler em português      Por decisión irrevocable de la Corte Suprema de Anónimo y de Interés Colectivo, fui condenado a veinte años renovables de mediocridad activa y desterrado a un pequeño pueblo donde la población, eternamente reconocida como a quien se puede agradecer la apatía que el destino nos ofrece, me miraba de lado, para poder arrugar la nariz y sonreía como quien no le gusta sonreír. Con suerte y paciencia terminé encontrando otros que en su momento el mismo tribunal, también por decisión irrevocable, no dudó en condenar por haberse atrevido a cuestionar los fundamentos de nuestro bienestar anónimo y colectivo. Algunos, con el tiempo, habiendo olvidado el motivo de su condena y renunciando a lo que alguna vez pensaron que podría llegar a ser, me miraron con simpatía, disimulando ...
Estavas bem na foto, por Fernando Carmino Marques
138a, Fernando Carmino Marques

Estavas bem na foto, por Fernando Carmino Marques

leer en español       Estavas bem na fotografia, dizias. Ao longe, um fumo de nuvem voou e tu sorrias para a vida como um peixe através de um recipiente de vidro baço, sonhando diluir-se em algum recanto do mar. Onde era não sei, quando foi pouco importa. Estavas bem na fotografia, dizias. E nem a palidez das cores nem a indesejada réstia de sol que nesse preciso momento te obrigou a franzir os olhos conseguiam desviar a atenção do ponto fulcral, a pequena luz do teu sorriso.  O cabelo solto dava-te um ar rebelde, dizias, serpenteando melodias entre as palavras, imaginando a rebeldia que nunca ousaste, talvez por receares confrontar os sonhos, esses rebeldes predadores, e junto dos conformados que felizes espreitam a luz baça dos dias, como se ela fosse o único reflexo dourado, agradece...
Te veías bien en la foto, <br/> por Fernando Carmino Marques
Fernando Carmino Marques

Te veías bien en la foto,
por Fernando Carmino Marques

ler em português      Te veías bien en la foto, dijiste. A lo lejos volaba una nube de humo y sonreías a la vida como un pez a través de un recipiente de vidrio opaco, soñando con desaparecer en algún rincón del mar. ¿Dónde fue? no lo sé, ¿cuándo fue? no importa. Te veías bien en la foto, dijiste. Y ni la palidez de los colores ni el indeseado rayo de sol que en ese preciso momento te obligaba a entrecerrar los ojos pudieron desviar la atención del punto focal, la pequeña luz de tu sonrisa. Tu cabello suelto te daba una mirada rebelde, dijiste, serpenteando melodías entre las palabras, imaginando la rebelión que nunca te atreviste, tal vez porque tenías miedo de enfrentarte a tus sueños, a esos depredadores rebeldes, y junto a los conformistas que acechan felices la luz apagada del día, co...
Gotas deslizando, por Fernando Carmino Marques
135a, Fernando Carmino Marques

Gotas deslizando, por Fernando Carmino Marques

leer en español        Quando reparei que chovia e pelo vidro da janela deslizavam gotas, orvalho tremeluzindo ao despertar da madrugada, aproximei-me e nelas me perdi. Ah, pudesse a minha vida, como elas, brilhar nem que fosse um instante, tão breve que nem chegasse a ser um instante, e pudesse eu deslizar pela vida com a serenidade de quem sabe ser o nada que ao instante se oferece, talvez deixasse de procurar o instante onde não há instante para além do instante. Chovia e as gotas deslizavam pelo vidro da janela. E daquele instante esquecido, perdido no que podia pensar, deixei passar o instante em que lentamente tremeluzindo as gotas deslizavam pelo vidro da janela de onde me vem a claridade do dia. do mesmo autor Compartir en   Quiero patrocinar ...
Gotas deslizando,<br/> por Fernando Carmino Marques
Fernando Carmino Marques

Gotas deslizando,
por Fernando Carmino Marques

ler em português Cuando noté que estaba lloviendo y las gotas se deslizaban por el cristal de la ventana, el rocío brillaba tras el amanecer, me acerqué y me perdí en ellas. Ah, si mi vida, como ellas, pudiera brillar aunque fuera por un instante, tan breve que ni siquiera llegase a ser un instante, y si pudiera deslizarme por la vida con la serenidad de quien sabe ser la nada que se ofrece en este momento, tal vez dejaría de buscar el instante donde no hay instante más allá del instante. Llovía y las gotas resbalaban por el cristal de la ventana. Y desde ese momento olvidado, perdido en lo que podía pensar, dejé pasar el momento en que las gotas, brillando lentamente, se deslizaron por el cristal de la ventana por la que llegaba hasta mí la claridad del día. del mismo autor C...
Sem terra á vista, por Fernando Carmino Marques
133a, Fernando Carmino Marques

Sem terra á vista, por Fernando Carmino Marques

leer en español       Há seis dias que navegávamos sem terra à vista. Lançando-nos de um lado para o outro o mar parecia querer engolir tudo o que nele havia. Com a noite acalmou e apesar do frio que me envolvia os pés adormeci. Ao primeiro raio do sol do sétimo dia avistei um pequeno ilhéu, pronúncio da ilha que o Aurora Infinita prometia a quem nele tinha embarcado. Pelo convés já o rebuliço ia alto, quando o capitão mandou baixar a ancora. Encostado à amurada, onde todos ansiavam pelo que não viam, reparei que a canoa tinha sido lançada ao mar sem por mim esperar. Na ilusão de encontrar na ilha alguma coisa que valesse o mergulho, saltei, sem saber nadar. À distância, arreganhando os dentes, barracudas e tubarões ignoravam-me. Só o peixe miúdo, irritante e sem ideal, frustrado pelos ...
Sin tierra a la vista,<br/>  por Fernando Carmino Marques
Fernando Carmino Marques

Sin tierra a la vista,
por Fernando Carmino Marques

ler em português      Llevábamos seis días navegando sin tierra a la vista. Lanzándonos de un lado a otro, el mar parecía querer tragarse todo lo que había en él. Con la noche se calmó y a pesar del frío que envolvía mis pies, me quedé dormido. Al primer rayo de sol del séptimo día vi un pequeño islote, señal de la isla que la Aurora Infinita prometía a quienes la habían abordado. Ya había mucho alboroto en cubierta cuando el capitán ordenó echar el ancla. Apoyado en la barandilla, donde todos esperaban con ansias lo que no podían ver, noté que la canoa había sido arrojada al mar sin esperarme. Con la ilusión de encontrar en la isla algo en lo que valiera la pena sumergirse, salté, sin saber nadar. A lo lejos, enseñando los dientes, barracudas y tiburones me ignoraban. Solo el pez pequeño,...