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Fernando Carmino Marques

De costas para o sonho, por Fernando Carmino Marques
100b, Fernando Carmino Marques

De costas para o sonho, por Fernando Carmino Marques

leer en español Trabalho no Instituto Superior para a Inconsistência Generalizada (ISIG) e gosto. A minha função consiste em aplicar várias horas por semana cuidados paliativos a quem sofre de inconsistência patogénica. São jovens, moçoilas e moçoilos de bigode espevitado, empurrados pelo sistema para o Instituto na expectativa de atenuar o mal que desde cedo vêm padecendo: Inconsistência degenerativa. Relutantes de início, alguns acabam por se habituar àquela rotina, outros vivem a estadia como uma colónia de férias: a maioria suporta-a por castigo. Entre os colegas há menos de meia dúzia por quem sinto aquele sentimento humano a que damos o nome de amizade: é uma confiança serena e muda. Os outros, se involuntariamente nos cruzamos nos frios e extensos corredores baixamos a viseira em...
Numa tarde de verão, por Fernando Carmino Marques
99b, Fernando Carmino Marques

Numa tarde de verão, por Fernando Carmino Marques

leer en español... e havia o senhor Silva, os conselhos do senhor Silva, as pequenas coisas ridículas de um escravo da mediocridade, o nada no tudo da vida do senhor Silva. A mulher do senhor Silva, a professora Ana Silva, estupidamente pretensiosa, incurável de vaidade. “O que quer realmente dizer com vaidade?” perguntou-me o psicólogo, como se não soubesse o que vaidade quer dizer, ou eu não o soubesse. Como não respondi e durante algum tempo me calei, o gajo pensou arrancar-me do mutismo em que me fecho sempre que alguém parece questionar as minhas ideias, insistindo na pergunta: “O que quer realmente dizer com vaidade?” Começava a chatear-me. Aliás, desde o início que me chateou. Logo que me viu fez-me uma quantidade de perguntas parvas que me deixaram sem resposta: se me irritava faci...
En una tarde de verano, por Fernando Carmino Marques
Fernando Carmino Marques

En una tarde de verano, por Fernando Carmino Marques

ler em português... y estaba el Señor Silva, los consejos del Señor Silva, las ridiculeces de un esclavo de la mediocridad, la nada en el todo de la vida del Señor Silva. La mujer de Silva, la profesora Ana Silva, estúpidamente pretenciosa, incurablemente vanidosa. "¿Qué quieres decir realmente con vanidad?" me preguntó el psicólogo, como si él no supiera lo que significa la vanidad, o como si yo no supiera. Como no respondí y permanecí en silencio por un rato, el tipo pensó arrancarme del mutismo en el que me encierro cada vez que alguien parece cuestionar mis ideas, insistiendo en la pregunta: "¿Qué quieres decir realmente con vanidad?" Empezó a molestarme. De hecho, desde el principio me cabreó. Apenas me vio me hizo un montón de preguntas tontas que me dejaron sin respuesta: si me irri...
Não sei se o sonhei, por Fernando Carmino Marques
88a, Fernando Carmino Marques

Não sei se o sonhei, por Fernando Carmino Marques

leer en español   De minha mãe o ter dado a vida por mim.De meu avô Ângelo, brevemente entrevisto num domingo frio de abril, uma moeda para comprar guloseimas.De minha bisavó Adriana o cheiro das maçãs no forno, durante as férias de verão, depois de uma viagem em que a estrada parecia não ter fim e os campos eram verdes, aloirados e o improviso das cigarras enchia a alma de sonhos.De meu pai a dor de nunca o ter sido e a distância que nenhum gesto ou palavra pode apesar de tudo fazer esquecer.De meu tio Gabriel a cumplicidade, o carinho, a cara ao vento sobre a motorizada Famel e os momentos em que nada se diz e tudo se sente. Depois, no banco de trás do Wolkswagen 1300 S, azul, o nariz encostado à janela, acenando para que todos vissem a minha alegria.Da cidade onde nasci a humidade das p...
No sé si lo soñé, por Fernando Carmino Marques
Fernando Carmino Marques

No sé si lo soñé, por Fernando Carmino Marques

ler em português   De mi madre haber dado la vida por mí.De mi abuelo Ângelo, entrevistado brevemente durante un frío domingo de abril, una moneda para comprar dulces.De mi bisabuela Adriana, el olor a manzanas en el horno, durante las vacaciones de verano, después de un viaje en el que el camino parecía no tener fin y los campos eran verdes, dorados y los improvisados ​​sonidos de las cigarras llenaban el alma de sueños.De mi padre el dolor de nunca haberlo sido y la distancia que ningún gesto ni palabra puede, a pesar de todo, hacernos olvidar.De mi tío Gabriel, la complicidad, el cariño, la cara al viento en la moto Famel y los momentos en que nada se dice y todo se siente. Después, en el asiento trasero del Wolkswagen 1300 S azul, con la nariz pegada a la ventanilla, saludando para que...
“O elogio à mediocridade”, por Fernando Carmino Marques
50a, Fernando Carmino Marques

“O elogio à mediocridade”, por Fernando Carmino Marques

leer en español Na recente entrevista concedida ao jornal online Vanguarda, J.C. Smith, prestigiado autor de The praise of mediocrity, mostrou-se surpreendido pelo sucesso alcançado em tão pouco de tempo no nosso país pelo seu mais recente livro. Interrogado também sobre a insidiosa pergunta do jornalista de A Razão, Pena Marques (conhecido pelo tom provocador das suas intervenções nas conferências de imprensa), o premiado autor limitou-se a repetir o que em diversas ocasiões e circunstâncias dissera já: “Que seriamos nós sem a mediocridade”. Entre colegas, representantes da imprensa e agências noticiosas do país, críticos e universitários, foi indescritível o espanto causado pela insolência das palavras do inoportuno jornalista, quando, em ambiente geral de apraz...
Como se de outro ela fosse, por Fernando Carmino Marques
48b, Fernando Carmino Marques

Como se de outro ela fosse, por Fernando Carmino Marques

leer en españolLembro a minha vida como se de outro ela fosse. O que chamavam felicidade, tristeza, amor, vingança, sensatez, arrependimento e demais palavras, aqui onde estou de nada servem.O significado de tudo isso era estranho.A ausência das pessoas de quem gostei e por vontade alheia ou própria deixei de ver doeu-me. Assistir ao alongar da distância de quem a certa altura se prezou deixava-me uma saudade de compreender. Talvez com inconfesso prazer, em toda a parte me senti um figurante, acessório, vaso de flores plastificadas, cobertas de pó, entre atores que sabiam o que deles se esperava no papel que tinham escolhido representar, ou a ele se tinham sujeitado.Lembro, criança, de ouvir um acervo de regras e preconceitos e ser forçado a prestar atenção à imbecilidade falante, tantas v...
El árbol, por Fernando Carmino Marques
Fernando Carmino Marques

El árbol, por Fernando Carmino Marques

ler em portuguêsTe fuiste.Pero aún esperamos que un día te detengas y reconozcas el árbol de ramas inclinadas sobre el agua donde, con la cabeza inclinada, rozabas los dedos de tus pies sintiendo frío y felicidad en el escalofrío vigorizante que te brindaba el río sereno sabiendo, a pesar de que tú, hoja caída, eras uno de sus hermanos y en él buscabas el mar donde todo se disuelve.Te fuiste.Pero el árbol ahora siente la ausencia, no de ti, sino del libro que llevabas contigo, y de vez en cuando, cansado de leer, te frotabas los ojos, estirabas las piernas y sentías una paz indecible en tu alma y sin percibirlo te ausentabas, dejando finalmente que el libro hablara libremente con el árbol que lo escuchaba con la paciencia de un maestro oriental viviendo al otro lado del espacio y del tiemp...
A árvore, por Fernando Carmino Marques
41a, Fernando Carmino Marques

A árvore, por Fernando Carmino Marques

leer en españolFoste. Mas nós ainda esperamos que um dia te detenhas e reconheças a árvore de ramos debruçados sobre a água em que, de cabeça encostada, roçavas os dedos dos pés sentindo frio e felicidade no arrepio revigorante que o rio sereno te oferecia sabendo, apesar de ti, folha caída, que eras um dos seus irmãos e que nele buscavas o mar onde tudo se dilui.Foste.Mas a árvore agora sente a ausência, não de ti, mas do livro que trazias contigo e, de vez em quando, cansado de ler, esfregavas os olhos, estendias as pernas e sentias um indizível sossego na alma e te ausentavas, sem disso te aperceberes, deixando, por fim, que o livro pudesse falar à vontade com a árvore que o ouvia com a paciência de um mestre oriental vivendo do outro lado do espaço e do tempo.Lembro uma tarde amena de ...
“El elogio a la mediocridad”, por Fernando Carmino Marques
Fernando Carmino Marques

“El elogio a la mediocridad”, por Fernando Carmino Marques

ler em português En una reciente entrevista concedida al diario online Vanguarda, J.C. Smith, prestigioso autor de El elogio a la mediocridad, se mostró sorprendido por el éxito cosechado en tan poco tiempo en nuestro país por su último libro. Cuestionado también por la insidiosa pregunta del periodista de A Razão, Pena Marques (conocido por el tono provocador de sus intervenciones en ruedas de prensa), el premiado autor se limitó a repetir lo que en varias ocasiones y circunstancias ya había dicho: “ ¿Qué seríamos sin la mediocridad”. Entre colegas, representantes de la prensa y agencias de noticias del país, críticos y universitarios, fue indescriptible el asombro que causó la insolencia de las inoportunas palabras del periodista, cuando en un ambiente general de grata cordialidad ...
Como si ella fuera de otro,  por Fernando Carmino Marques
Fernando Carmino Marques

Como si ella fuera de otro, por Fernando Carmino Marques

ler em portuguêsRecuerdo mi vida como si fuera de otra persona. Lo que llamaban alegría, tristeza, amor, venganza, sensatez, arrepentimiento y otras palabras, aquí donde estoy de nada sirven. El sentido de todo eso era extraño.Me duele la ausencia de personas que me gustaron y por voluntad ajena o propia dejé de ver. Asistir al alejamiento de quien una vez apreciara me dejó con añoranza de entender. Tal vez con un placer no confesado, en todas partes me sentí como un extra, un accesorio, un jarrón de flores plastificadas, cubiertas de polvo, entre actores que sabían lo que de ellos se esperaba en el papel que habían elegido interpretar o al que se habían encajado. Recuerdo, cuando era niño, oír un catálogo de reglas y prejuicios y de verme obligado a escuchar hablar imbecilidades, tan a me...
¿Hacia dónde vuelan las palabras?, por Fernando Carmino Marques
Fernando Carmino Marques

¿Hacia dónde vuelan las palabras?, por Fernando Carmino Marques

ler em portuguêsDe qué le sirve a un escritor ser inspirado si no domina la lengua? Dominar la lengua es moldearla a nuestra voluntad. Y si hubiera una lengua maleable esa es la lengua portuguesa de tan rígida que es. Sobre ella pesa una larga tradición de gramáticos conformistas y escritores sin genio que parecen más amanuenses de lentes gruesas, ropas desajustadas y narices mocosas. También pesa sobre la lengua portuguesa un menú de poetas, tecnócratas y burócratas enemigos del talento y la imaginación. La lengua sólo conoce la frontera de quien nunca ha salido de su casa, de quien atisba por la ventana la vida de los demás. A diferencia de las ideas, las palabras, una vez pronunciadas, vuelan hacia nadie sabe dónde. Es por lo que todos los idiomas son universales si sólo queremos que lo...